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quarta-feira, 23 de maio de 2012

22 de maio de 2012 Subindo para Namche Bazaar

Acordamos às cinco da manhã para as seis já estarmos na estrada (Estrada,que estrada?), para um dos dias de caminhada considerados mais difíceis, com um ganho de altitude de mais de 800 metros e um trecho longo e íngreme quando se aproxima de Namche Bazaar, considerada uma das piores partes do percurso.

Para a nossa satisfação, o Sonan disse que nos acompanharia até Namche Bazaar. Agora o grupo cresceu. Somos a Karen e eu, o Kalu, o Bhala e o Sonan.

Saindo de Phakding (2610 m), cruzamos a ponte sobre o Dudh Koshi e seguimos a caminhada ao longo da margem esquerda do rio, enquanto mt. Thamserku (6623 m) se lança em direção ao céu na margem oposta. Escalamos a encosta até alcançar o terraço onde fica Bemgar.
Os porters, ou carregadores,são inacreditáveis e um caso à parte. Carregam nas costas pesos superiores a cem quilos, num ritmo lento e constante por dezenas de quilômetros, olhando para o chão o tempo todo e enxergando apenas dois ou três passos à frente. Agua mineral, refrigerantes, mantimentos, bujões de gás, madeiras para construção, portas, ferro estrutural, tudo é carregado por eles. Nas trilhas deve-se dar preferencia a eles, pois as cargas por vezes são muito largas e os trekkers podem ser tocados por ela. A Karen levou um esbarrão de um deles no braço
Todo o equipamento que os alpinistas precisam para ficar nas montanhas por mais de um mês vão e voltam de Lukla ao Acampamento Base do Everest nas costas desses homens, uma distância de cerca de 130 quilõmetros. E não é pouca coisa. Parecem aquelas formiguinhas que carregam uma folha enorme para o formigueiro. Eles são franzinos e de aparência frágil, onde se escondem super-homens que faEm o trabalho de um animal para o seu sustento e de suas famílias. No sistema de castas daqui, os porters pertencem a uma inferior. Recebem cerca de trezentas rupias nepalezas ao dia (cerca de 3,5 dolares) para carregar o mundo nas costas. Gente de valor e merecedora de todo o nosso respeito. Namastê!
Depois de atravessar novamente o rio, continuamos subindo a montanhaa partir da margem direita do seu leito, até atravessarmos a floresta de Rododendros e Magnolias para chegar a Chumoa.
Passamos por varios comboios de animal, quando buscamos um refúgio na lateral da estrada para deixá-los passar. Numa dessas, a Karen estava mais atrás do restante do grupo e encontrou um cantinho para se proteger de um comboio de búfalos que se aproximava. Um dos animais se enroscou nuns galhos e ficou meio nervoso, saindo da tropa e entrando por um caminho que foi dar exatamente onde a Karen estava se protegendo e observando a passagem do comboio. O búfalo, com a intenção de retornar ao grupo pegou a Karem pelas costas, dando uma cabeçada em sua mochila e raspar o braço na carga que ele transportava, que não chegou a derrubá-la. Estavamos todos a alguns metros, do outro lado de uma pequena ponte, e ocorreu tão rapidamente que não poderiamos fazer nada. Mas não passou de um belo susto e de matéria para o blog. Só não tirei foto porque ela, não o búfalo, me mataria!
Seguimos caminhando ao longo de uma trilha com muitos altos e baixos e atravessamos um riacho para passar pela pequena vila de Monjo.
Descemos um caminho de degraus de pedra e voltamos para a margem direita cruzando uma estreita ponte de madeira. Depois de uma pequena subida chegamos a Jorsale, com sua casa de chá e hotel, onde almoçamos ás onze horas. Aproximava-se o pior trecho do dia, uma escalada bastante íngreme e com rápido ganho de altitude, até Namche Bazaar. Por precaução, tomamos um Red Bull cada um, na esperança de ganhar asas para ajudar as nossas pernas que já começavam a ficar cansadas só de pensar!
O Sonan que já sabia do que viria pela frente, se ofereceu para carregar a mochila da Karen que aceitou sem pestanejar. Para a minha mochila ele nem olhou...
Em Jorsale fica o National Park Service, onde uma taxa de entrada do parque é coletada e recebemos nossa licença de trekking até o Acampamento Base do Monte Everest!
Agora sim, lembro-me da carteirinha de "cidadão do topo do mundo" que recebi na CN Tower, a míseros 480 metros, e sorrio de satisfação por ter nas mãos o "passaporte para o base camp do topo do mundo".
Caminhando ao longo do rio na saída de Jorsale, entramos em uma montanha bastante arborizada para depois passar por uma área rochosa, através de um caminho bastante tortuoso que nos leva novamente até o leito do rio. Após uma curta caminhada ao longo do leito do rio chegamos ao vale onde o rio bifurca-se, com o Koshi Dudh seguindo pela direita, enquanto à esquerda o Koshi Bhote segue para Nampa Louisiana. Ao cruzar outra ponte após percorrer uma curta distância ao longo do Bhote Koshi, começa a subida íngreme até Namche Bazaar.
Pelos ziguezagues do caminho da montanha, chegamos em uma área de descanso de onde poderiamos ter a nossa primeira visão do ainda distante Everest (8848 m), acompanhada do Lhotse (8516m), mas o céu estava nublado e só deu para ver isso.
A subida fica um pouco mais suave e Namche Bazar vai surgindo à medida que percorremos um ao longo do caminho cercado por pinheiros. Cruzamos o planalto, onde o bazar é realizado aos sábados e finalmente entramos na aldeia.
Nos últimos metros eu já estava à beira da exaustão, sem nenhum gás, e louco de vontade de pedir para o Bhala me carregar até o Hotel. Enquanto isso, a Karem passa por mim, toda serelepe e sem a sua mochila. Ontem era ela que botava os bofes para fora, hoje era eu. Achei justo.
Pedi força aos céus e fui me arrastando até a minha cama no Hotel. Deitei e fiquei bufando uns quinze minutos, enquanto a Karen foi tomar uma cerveja com o resto do pessoal para comemorar a chegada a Namche Bazaar.
No jantar conhecemos Biswo, o dono do Hotel que é alpinista e já fez o cume do Everest duas vezes.

Comi a famosa Garlic Soup, ou sopa de alho, preferida pelos alpinistas porque auxilia a amenizar os problemas da altitude. Comi e gostei. Para curar um resfriado também é uma paulada! Ainda bem que os quartos nas montanhas não tem cama de casal, senão acho que teria que testar se o meu saco de dormir aguenta mesmo doze graus abaixo de zero, porque à noite é frio do lado de fora!
Olha o que ftrilhamos hoje.


Obs: Durante o passeio, a qualquer momento, clique Pause nos controles da parte inferior do mapa. Então, para dar uma olhada na paisagem em volta, use os comandos à direita. Para continuar a trilha, basta clicar no Play



2 comentários:

  1. Gente que legal está sendo acompanhar esta aventura de vocês. Tô curtindo um monte as histórias de vocês. Um grande beijo e boa sorte com o que vem pela frente.

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  2. Sergio e Karen! Estou acompanhando este roteiro maravilhoso!! Aproveitem e boa sorte! Beijos, Maria de Lurdes Remus

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