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quinta-feira, 31 de maio de 2012

Dia do Porco

O povo brasileiro é limpinho. Tomar ao menos um banho diário faz parte da nossa cultura, influência dos índios, e facilitada pela abundância de recursos hídricos que possuímos.

De manhã cedo você pega um ônibus e todo mundo está cheirosinho, cabelo ainda molhado. Tudo bem que que na volta para casa o coletivo exale um budum característico dos trabalhadores que pegam pesado e não dispõem de um ambiente climatizado. A maioria dessasa pessoas, muito provavelmente, vão chegar em suas casas e vão tomar o segundo banho do dia.

Lá em casa não poderia ser diferente. Banho todo dia, no mínimo um. A Karen, então, exagera. É comum vê-la passar mais de uma hora na banheira, coberta de bolhas e imersa na água quente misturada com seus sais de banho e óleos essenciais. Para passar o tempo, durante o banho ela deixa o radinho na Gaúcha e leva livros e revistas para dentro da banheira. Até o iPad eu já vi ela levar para lá.

Temos até uma brincadeira de família que inventei há um bom tempo atrás. Trata-se da celebração do Dia do Porco. Funciona assim: Quando alguém, inclusive eu, tenta dar aquela enforcadinha básica no banho (sabe aqueles domingos preguiçosos?), os outros começam a celebrar o Dia do Porco, cantando uma musiquinha com essa letra:.

Feliz Dia do Porco,
Vem comigo festejar,
Chafurdar no chiqueirinho,
Não tem hora para acabar.
Normalmente a pessoa homenageada se constrange e vai tomar banho.
Toda essa história para dizer que a gente adora banho e sobre como ocorre essa prática nas montanhas do Himalaia. O banho por aqui tem outra forma e sentido.

Primeiro porque as condições de infra-estrutura são inversamente proporcionais á altitude em que você se encontra. Eletricidade, só solar, e mesmo assim, meia boca. Gás em botijão também é escasso e chega às montanhas trazidos, desde Lukla, pelos carregadores (porters), em suas costas. Água encanada, nem pensar. A agua é canalizada dos córregos formados pelo degêlo das montanhas. Imagine a temperatura dela quando você lava as mãos.

Em segundo lugar, lá em cima é frio pra chuchu e o pessoal não vé muito sentido em ficar molhando o corpo e retirando as proteções naturais que o corpo produz para protegê-lo do frio.

Apesar de toda essa reflexão teórico-existencialista das montanhas nepalesas, os Lodges tentam se adaptar aos hábitos de higiene de seus hóspedes ocidentais e oferecer produtos que tentem satisfazer suas necessidades, apesar da precariedade de recursos disponíveis.

São eles:

  1. Hot Shower 1: O luxo dos luxos. Banho quente com aquecedor de passagem à gás. A sala de banho é uma casinha tosca na rua e você tem que sair de lá todo entruxado de roupas e correr para dentro do saco de dormir no seu quarto, senão é resfriado na certa. Só disponível em altitudes mais baixas, mesmo assim é difícil de ser encontrado. Custa cerca de 450 rúpias nepalesas, ou 5,25 dólares. Sabonete, shampoo e toalha são por sua conta.
  2. Hot Shower 2: O luxo. Chuveiro conectado a uma bombona cheia de água aquecida no fogão. Esvaziou a bombona, acabou o banho. Se bobear fica ensaboado. Tem que ter foco, não dá nem para assoviar. Valem as mesmas precauções para evitar resfriados. Casinha na rua. Encontrado em altitudes baixas e intermediárias. Custa cerca de 400 rupias nepalesas ou 4,75 dólares. Sabonete, shampoo e toalha são por sua conta.
  3. Shower: Casinha na rua. Banho frio de chuveiro com a água do degêlo. Nem perguntei o preço porque não sou louco. Não sei se o banho é bom porque acho que não sobrou ninguém para contar.
  4. Hot Bucket: Casinha na rua. Você fica de calção ou cuecas do lado de um banquinho. Vem um cara com um balde cheio de água quente e sobe no banquinho. Daí ele despeja a água em cima de você. O que der para lavar, fica lavado. O que não der fica como está. Valem as precauções para evitar resfriado. Encontrado em altitudes elevadas. Custa cerca de 350 rúpias nepalesas, ou cerca de 4 dólares. Sabonete e toalha são por sua conta. Shampoo nem adianta levar porque não da tempo.
  5. Small Hot Bucket: Uma pequena bacia com agua quente, o famoso banho de gato. Ninguém despeja nada na sua cabeça. Você molha um paninho, esfrega no sabonete e depois passa na parte do corpo que preferir e assim sucessivamente. Aconselha-se começar pelo rosto. Como pode ser tomado no próprio quarto, as chances de resfriado são mínimas. Disponível em altitudes elevadas. Custa cerca de 200 rúpias nepalesas, ou 2,35 dólares. Paninho de esfregar, toalha e sabonete são por sua conta. Como não dá para lavar a cabeça, o shampoo é desnecessário.
  6. Baby Wipes: Não é oferecido por nenhum Lodge, mas você pode trazer de casa na mala. Uma espécie de banho de gato high-tech. Baita quebra galho. Você se sente um pouco mais limpo e ainda fica com cheirinho de bebê. Disponível em todas as altitudes, desde que você tenha trazido. Custo depende da marca. Johnsons costuma ser o mais caro nos supermercados e farmácias, mas é o lenço umidecido mais perfumado. Dispensa shampoo, sabonete e toalha. Para o serviço completo, experimente o talco para lavagem a seco dos cabelos. Os cabelos continuam sujos, mas com aquele aspecto de que não estão assim tão sujos.
  7. A opção mais popular: Diga: Ah, hoje caminhei quase doze horas, escalei o Kala Pathar, a altitude está acabando comigo, estou podre de cansado, vou jantar e dormir sem banho. Não se preocupe que ninguém vai reparar, afinal essa é a opção mais popular!
De todas as opções elencadas, as que considero banho de verdade são apenas a 1 e 2. As outras não contam.

Pois então, o último banho decente que eu e a Karen tinhamos tomado foi no dia 24 de maio, em Thyangboche ( com aquecedor de passagem à gás). Hoje, dia 30 de maio, começamos o nosso retorno, já descemos mais de 700 metros de altitude e estamos em Dingboche, onde tivemos o prazer de tomar outro banho decente ( tudo bem, não foi a opção 1, foi a 2, mas estava bom demais). Não sei se pelo ar que está menos rarefeito, ou se pela sujeira acumulada por seis dias e que se foi pelo ralo.

Seis dias sem um banho decente não é mole. Pelo menos cancelamos as festividades comemorativas da Semana do Porco, que não mais se realizará.

Amanhã vamos para Thyangboche e, adivinhem, mais banho quente!

Finalmente estamos, aos poucos, retomando contato com a civilização moderna. Chega do modelito Feios, Sujos e Malvados!

Minha única preocupação é que, quando chegarmos a Porto Alegre, eu vou ter que chamar os Bombeiros e a Defesa Civil para tirar a Karen de dentro da nossa banheira.



30 de maio de 2012: de Gorak Shep a Dingboche

O dia de ontem foi espetacular.

Atingimos, com louvor, um objetivo que, às vezes, nos parecia inatingível. A excitação em chegar ao EBC era tanta que ontem até esqueci de passar o protetor solar.

O sol por aqui é de lascar e à noite estava com o meu rosto todo vermelho, com a marca dos óculos e a metade da testa branca, por estar coberta pela touca.

Aqui nas montanhas, eu e a Karen costumamos usar expansores nasais para dormir. Expansor nasal é aquele adesivo que o Neimar usa nos jogos, e que nos facilita a respiração enquanto dormimos em altitudes elevadas. Até o Kalu, que nunca tinha usado o expansor, experimentou uma vez e agora vem toda noite buscar um novo com a gente.

Ontem à noite não foi diferente. Antes de dormir peguei um expansor e colei no nariz. Hoje pela manhã acordei com o rosto ardendo pela queimadura de sol do dia anterior. Quando fui descolar o expansor, a surpresa: a pele do nariz, sensível do sol, foi arrancada junto com o adesivo.

Fiquei com o nariz em carne viva, com uma aguinha correndo da ferida. Taquei hipoglós no nariz e fui tomar o café da manhã.

Então a situação era a seguinte: rosto com partes queimadas e outra brancas, o nariz em carne viva, a barba crescida e o cabelo alguns dias sem lavar. Meu aspecto era deplorável!

Quando me olhei no espelho, estava parecido com um summiter, ou seja, aqueles caras que atingem o cume da montanha e retornam todos estropiados. Gostei do visual de durão e comecei a brincar me dizendo summiter. Disse para o Kalu que estavamos criando a Nepal Azimuth Summiters Division.

Depois do café preparamos nossas coisas para deixarmos Gorak Shep em direção a Dingboche. É o começo do retorno à Lukla.

Gorak Shep, o Kala Patthar (5560m) e o exuberante Pumo Ri (7165m) vão ficando para trás.

Dingboche fica próxima de Pheriche, de onde fomos banidos. O percurso de retorno que devemos percorrer hoje equivale ao de três dias na ida ao EBC.


Dizem que para baixo todo Santo ajuda. Só que aqui no Himalaia tudo é muito relativo. Subir não é somente subir. Você sobe uma montanha, desce pelo outro lado para começar a subir em outra, e assim vai. Descer não poderia ser diferente. Você desce, sobe, desce, sobe, desce...



Aos poucos vamos perdendo altitude e ganhando oxigênio. O corpo percebe a mudança e reage positivamente. O que na subida se fazia bufando, no retorno fica mais fácil. Eu não disse fácil, disse mais fácil!

No caminho de volta nos deparamos com um riacho, oriundo do degelo das montanhas, que cruzava um leito de pedras com uma fina camada de gelo, sobre as quais precisávamos passar. Fui o primeiro a cruzar. Como as pedras com gelo estavam muito escorregadias, um dos meus bastões deslizou tirando meu equilíbrio. Caí sobre as pedras, mas não foi nada grave. Nem cheguei a me molhar. Levantei-me e terminei a passagem.

A Karen, vendo minha queda, travou. Ficou com medo de atravessar e cair também. Vendo a situação, o Bhala entrou em ação. Largou nossos equipamentos na outra margem e voltou para onde a Karen estava. Virou de costas para ela e disse: sobe que eu te atravesso para o outro lado. E assim foi!

Passamos por Lobuche e depois de uma escalada, chegamos novamente ao Dughla Pass e aos seus memoriais nas alturas.

Mais uma travessia de córrego bem sucedida e chegamos a Dughla. Parada para um chá.

Após uma nova escalada no desvio que nos levará a Dingboche, podemos visualizar Pheriche, lá em baixo. Ainda bem que o cara antipático do Hotel não conseguimos enxergar,
Seguimos por um planalto que, aos poucos, começa a apresentar um pouco maos de vegetação.
Esses arbustos começam a tomar conta da paisagem. São uma espécie de cipreste-anão que não consegue se desenvolver muito a essa altitude.
Essa palnta é coletada pelos habitantes locais e colocads para secar para, posteriormente, ser vendida como insenso para templos budistas.
No final da planicie existe uma antiga Stupa, de onde podemos ver Dingboche pela primeira vez.
A caminhada de hoje levou oito horas e meia, mas rendeu pela de três dias, devido ao oxigênio à favor.

Chegando em Dingboche nos hospedamos num pequeno Lodge que oferece o que procurávamos, mas não se acha em altitudes mais elevadas: um banho quente!



Prayer flags

Quando chegamos ao Acampamento Base do Everest, uma de nossas tarefas foi a de extender bandeiras de oração na pequena stupa lá existente, agradecendo por termos chegado ao nosso objetivo e pedindo a nossa proteção, a proteção de nossa família, de nossos amigos e também daqueles que já partiram.

De todos os lembrados, uma lembrança em especial ao Eric, que adorava as montanhas e que, de alguma forma, está nos acompanhando nessa viagem ao Everest.
Lá também deixamos os kataks que recebemos do Lama no Monastério de Thyangboche.



Na história das bandeiras de oração tibetanas é dito que o Buda recitou uma prece e ela foi impressa nas bandeiras de batalha entre dois povos. A paz foi logo restabelecida entre eles. A tradição de oferecer bandeiras de oração ao vento foi introduzida no Tibet no século oitavo por um discípulo do Buda.

Tradicionalmente, as bandeiras são erguidas ao ar livre para que as preces sejam levadas e “recitadas” pelo vento por longas distâncias. O costume vem do Tibete e remonta ao século XI. Foi o grande mestre indiano Atisha que ensinou aos seus discípulos como imprimir orações e mantras sobre pedaços de tecido, a partir de blocos de madeira gravados.

Estas bandeiras, fixadas a um mastro ou a um bambu, ou costuradas a cordas esticadas entre dois pontos, ondulavam livremente ao vento. Esta tradição acabou por ser muito difundida no seio do Budismo tibetano. À volta dos mosteiros, nos sítios sagrados, presas aos ramos da árvore de Bodhi, em redor do grande Stupa em Bodhnath e mesmo junto a habitações, são encontradas por toda a parte.

Desfraldadas ao vento, a sua presença sonora acompanha a cadência das orações.Esta prática não é uma superstição; as bandeiras não são talismãs. O Budismo, que Sua Santidade o Dalai Lama diz ser uma «ciência do espírito», debruça-se há muito sobre a natureza e o funcionamento dos fenômenos. Com base na lei do karma, os fenômenos manifestam-se de um modo totalmente interdependente.Imprimir textos sagrados com uma intenção pura é uma fonte de energia positiva, que produz naturalmente efeitos benéficos. Além disso, o vento que entra em contacto com as bandeiras sobre as quais estão impressos caracteres e símbolos sagrados, entra também em contacto com tudo o resto.

É o ar que respiramos, o oxigênio que se dissolve no nosso sangue, o dióxido de carbono que os vegetais utilizam…O vento,em contato com os símbolos sagrados, espalha por toda a parte os nossos votos para o bem e para a felicidade temporal e última de todos os seres, criando assim um vasto campo positivo.

As bandeiras de oração são para os seres como uma medicina suave, um apelo silencioso à maravilha que temos dentro de nós desde sempre e para sempre.As bandeiras são em cinco cores: azul (espaço, céu),branco (ar, nuvens),vermelho (fogo),verde(água, natureza) e amarelo (terra), representa a boa sorte, a energia da vida e a oportunidade de que as iniciativas dêem certo.

Os símbolos impressos são variados, o mais comum é o cavalo do vento -LUNG TA – que representa a boa sorte, a energia da vida e a oportunidade para que tudo dê certo! Quando os cavalos de vento tremulam com o vento, suas preces e mantras são carregados na direção do céu, com a intenção de beneficiar a todos os seres.



quarta-feira, 30 de maio de 2012

Corrida de maratona no Everest?

O International Everest (Sagarmatha) Day é celebrado hoje aqui no Nepal, marcando a data de 29 de maio de 1953, quando Sir Edmund Hillary e Tenzing Norgay Sherpa conquistaram o mais alto pico do mundo pela primeira vez. Varias atividades comemorativas são realizadas.

Sir Edmund Hillary e Tenzing Norgay Sherpa



















A principal comemoração do aniversário dessa escalada é a maratona Tenzing Hillary Everest Marathon. Esse evento internacional é considerada como a maratona de maior altitude do mundo, começa no Everest Base Camp e termina em Namche Bazaar, através das precárias trilhas que já percorremos. Ou seja, parte do caminho que cruzamos a passos lentos, essa turma pretende fazer correndo! Para participarem da maratona os corredores precisam, necessariamente de três semanas de aclimatação com a altitude e experiência em corrida em piso irregular.

A largada foi às sete horas da manhã e pegamos esse pessoal correndo em nossa direção na estreita e perigosa trilha que vem do EBC.

Os primeiros maratonistas passam por nós a uma velocidade espantosa, se considerado o tipo de trilha e a altitude. São gente da região ou acostumados à ela. São Sherpas ou Tamangs, muitos deles porters de profissão.




Num segundo grupo, bem atrás, começam a aparecer os atletas ocidentais. Eles passam rápido por nós, mas com o coração saindo pela boca. Isso que eles estão no primeiro trecho, entre o EBC e Gorap Shep, imagina quando essa gente estiver chegando em Namche Bazaar!

Mais atrasados, você começa a encontrar todo o tipo de gente participando da maratona. Idosos, jovens, mulheres, pessoas comuns que vêm caminhando lentamente pelo percurso. Não são maratonistas, mas participam da maratona pelo prazer de participar. Não tem nora para chegar ao final, apenas querem chegar lá.

De vez em quando, presenciávamos um congestionamento na trilha. Iaques transportando equipamentos de acampamentos do EBC não permitiam a passagem dos maratonistas nas trilhas estreitas. Minutos preciosos perdidos na competição atrás dos passos lentos dos iaques.




O perigo de participar dessa maratona é incalculável. Desconsiderando a possibilidade de um ataque cardíaco devido ao esforço sub-humano da competição, existe o perigo do corredor escorregar no gelo ou em uma pedra solta e despencar ribanceira abaixo.

No caminho, encontramos um competidor nepalês com a perna quebrada. Seu tornozelo parecia uma bola de futebol. Sentia muita dor e trekkers lhe forneceram alguns comprimidos para aliviar um pouco. Tomou um gole de água e saiu mancando trilha acima, sem tala, sem bengala, sem nada. Gorak Shep, o vilarejo mais próximo estava a quase duas horas de caminhada. Um caminho difícil de fazer em perfeitas condições, imagina como é com o tornozelo quebrado e descalço.

Apesar do evento ter patrocinadores de peso, como Red Bull, aparentemente os competidores não têm qualquer tipo de apoio médico durante o percurso.

Difícil a vida no Nepal!

Moral da história: Quando você começa a achar que é meio louco, encontra gente ainda muito mais doida por aí e termina voltando para o normal.

Tenzing Hillary Everest Marathon
Falando em gente louca...







































Desde a conquista de Hillary e Tenzing, muita gente tentou escalar o pico mais alto do planeta. Esse é um enorme desafio, até para os mais experientes montanhistas, e onde muitas pessoas perderam suas vidas. Apesar disso, existem certas escaladas que deixam qualquer um perplexo e impressionado com a capacidade de superação que algumas pessoas (meio doidas) possuem.

Aqui, algumas dessas proezas no Everest:

1921: A primeira expedição prepara-se para encontrar caminhos possíveis para uma subida. Eles vão apenas até 7.020 metros.

De 1922 - 1952: Várias expedições, a maioria delas britânicas, foram realizadas a fim de alcançar o cume, mas nenhuma conseguiu.


1953: Primeira subida bem sucedida, pela nona expedição britânica.

1970: O alpinista japonês Yuichiro Miura desce do topo do Everest esquiando.

1978: Reinhold Messner e Peter Habeler conseguem a primeira ascensão ao cume sem oxigênio suplementar.

1986: Erhard Loretan e Jean Troillet escalam a face norte do Everest em tempo recorde, sem barracas, acampamentos intermédios, cordas ou oxigênio suplementar. A subida leva 43 horas e meia.

1996: O sueco Göran Kropp vem pedalando de bicicleta da Suécia, percorrendo todo o caminho para o Monte. Everest, escala-o sozinho e sem o uso de oxigênio suplementar. Depois volta pedalando para casa.

1998: Tom Whittaker atinge o ápice como a primeira pessoa com um pé amputados.

2001: O alpinista cego Erik Weihenmayer atinge o topo do Monte Everest.


2002: Tamae Watanabe, 63 anos, bateu o record como a mulher mais idosa a escalar o Everest.

2004: Sherpa Pemba Dorjie sobe o Mt. Everest em 8 horas e 10 minutos, tornando-se a subida mais rápida já registrada.

2006: Mark Inglis atinge o cume, apesar de ter amputado as duas pernas.

2008: Yuichiro Miura sobe ao topo do Everest outra vez, com 75 anos de idade, tornando-se a pessoa mais velha a realizar essa proeza.

2010: O alpinista americano Jordan Romero chega ao pico do Everest com 13 anos de idade, sendo a pessoa mais jovem aescalar o cume.

2010: Apa Sherpa atinge o topo 20 vezes, batendo o record de pessoa com mais subidas ao pico.


2011: Apa Sherpa atinge o topo em sua 21ª escalada, superando o seu próprio record mundial obtido no ano anterior.

2011: Bhakta Kumar Rai fica no cume de 32 horas, meditando pela paz mundial.

2011: George Atkinson atinge o topo do Everest e completa, aos 16 anos de idade, o desafio do seu sétimo cume. Ele é a pessoa mais jovem do mundo a ter escalado os picos de todos os sete continentes.

2012: Estávamos em Kathmankdu quando Tamae Watanabe, 73 anos, bateu o seu próprio record obtido a 10 anos atrás como a mulher mais idosa a escalar o Everest. Elas se recuperou de im acidente em 2005, onde quebrou a coluna e nunca mais havia escalado novamente.




E tem mais doido vindo por aí...



29 de maio de 2012: Alcançamos o Everest Base Camp

Essa noite a Karen teve um sonho interessante. Ela sonhou que estava em uma festa e viu um grupo de pessoas num canto da sala. As pessoas saíam do bolinho mais sorridentes e ativas. A Karen se aproximou do grupo e viu que eles estavam com pequenos tubos de oxigênio, davam uma cheiradinha e saíam dali turbinados. O barato do pessoal era tubo de oxigênio!

Incrível como o cérebro encontra formas de se comunicar conosco para dizer do que está precisando! Falta oxigênio aqui em Gorak Shep.

Apesar do ar rarefeito acordamos empolgados pois hoje é o grande dia. Hoje chegaremos ao acampamento Base do Everest, a 5346 metros de altitude, e depois retornaremos para dormir em Gorak Shep.

Hoje é um dia especial aqui na montanha. No dia 29 de maio se comemora o Dia Internacional do Everest e diversos eventos são planejados pela região.

No dia do seu aniversário, a montanha estava feliz e nos brindou com um dia espetacular.

Pegamos a trilha cedinho, mas o trânsito de pessoas e iaques vindos da direção do EBC é intenso, devido ao final da temporada de escaladas que se encerra amanhã, dia 30, com muitas expedições e seus acampamentos já retornando.



Além disso, hoje acontece a maratona do Everest, que será motivo para um post específico.

No caminho passamos pela morena lateral da Geleira Khumbu, seguindo por sua zona de ablação, quando começamos a enxergar seus lagos gelados.



Caminhamos por um tempo ao longo de uma área rochosa sobre o glacial, seguindo a trilha para o centro da geleira.




Pela esquerda temos o Ri Pumo e à direita o Nuptse como nossos guardiões.

Por entre as montanhas, o Monte Everest nos observa discretamente.



Os helicópteros, seguem sua rotina diária de resgatar alpinistas das montanhas.



Aos poucos vamos nos aproximando de um mundo desolado cercado por paredes de rocha e gelo.



Após três horas e meia de caminhada, finalmente começamos a nos aproximar do Everest Base Camp.

As primeiras tendas coloridas do EBC começam a quebrar a monotonia da paisagem gelada.

No dia e hora prevista alcançamos o Everest Base Camp! O altímetro mostra que conseguimos!

Durante a comemoração, a Karen me tira essa faixa da mochila:

Tudo nada a ver, não é? A gente celebrando a conquista da maior aventura que já fizemos e ela me vem com futebol? Durante todos esses dias de trekking, o hino que norteava nossos passos poderia ser:

Até a pé nós iremos,
Para o que der e vier,
Mas o certo é que nós chegaremos,
Ao EBC, se Deus quiser!
Acho que já ouvi algo parecido em algum lugar! Mas que gauchada fanática, tchê!

Após as celebrações, fizemos um breve almoço no Acampamento Base. Penduramos nossas bandeiras de oração (veja o post específico), apreciamos um pouco mais a movimentação dos alpinistas e a exuberância do cenário.

A perigosa geleira Khumbu estava à nossa frente e o topo do mundo logo ali, a mais 3000 metros de altura.

O ruído frequente de avalanches na montanha é algo assustador e serve para lembrar aos alpinistas quem manda por aqui.

Após o descanso, retomamos o fôlego e iniciamos o caminho de volta a Gorak Shep. Precisamos redobrar o cuidado ao cruzarmos as geleiras, pois já estamos no início do verão e, com o aquecimento do meio-dia, o derretimento de acelera, deixando superfíes escorregadias e os deslizamentos são constantes, podendo provocar algum acidente.



Cansados pelo ar pobre em oxigênio, mas felizes pela realização, deixamos o ENC para trás e começamos o lento e longo caminho de volta para casa.

A missão está cumprida, mas a aventura está apenas na metade...

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Tour Panoramica do topo do Everest